domingo, abril 1

Jegues ou jatos?

Comunicação truncada, verbos soltos, asas pengas, inércia, choro, revolta, violência verbal- política-moral, esse é o nosso País, sempre vivenciando uma crise: seja política, seja civil, seja econômica, seja fabricada... Enquanto o país pára em frente a uma crise ridícula e previsível, me permito divagar em lembranças quase longíquas se não fosse a minha memória de elefante. Toda criança pode e tem toda a liberdade de perguntar tudo, a qualquer hora, a quem achar que deva e essa vantagem ninguém toma. Pois bem, voar era um sonho antigo, o status era destinado a ricos, eu ficava do lado de cá, olhando pra cima, acompanhando a lata gigante, ouvindo o som ensudercedor, não podia nem me imaginar dentro de um bicho daqueles, isso era fora de cogitação, mas perguntar isso eu podia: como podia essa coisa não segurar em nada, ficar solta no ar, carregando 100, 200, 300, 400 pessoas, banheiro, cozinha, poltronas confortáveis, piloto, co-piloto, piloto automático, malas, cachorros de luxo? E a velocidade! motores hipersônicos atingindo cerca de 11.200 km/h. Essa coisa de atingir, ultrapassar a velocidade do som, de percorrer distâncias absurdas em horas, de dar a volta ao mundo sem fazer escala, não dava pra entender, nem Mercúrio (ou Hermes) deus da mitologia greco-romana que tinha asas nos pés não poderia se atrever a dar palpite nesse universo tão surreal.
Era um sonho distante, custo altíssimo, nunca poderia imaginar que um dia esse transporte de luxo viraria um transporte popular. Passagens que vão de R$ 1.00 a R$ muitos mil reais, divididos em suaves prestações. (Outra invenção maravihosa, prestações!!! Qualquer um pode comprar em até 36 vezes, paga que nem sente, e ai o prazer de estar no ar, paiarando, vivenciando alta tecnologia paga qualquer investimento que tenha sido feito). Mas as vantagens trouxeram os problemas, o que era luxo virou necessidade, o que era perfeito, começou a dar sinais de imperfeições. Estamos falando de Brasil, nunca ouvi noticiário que informasse crise aparente no setor aéreo em países como EUA, Inglaterra, Japão. Nunca ouvi falar que militares poderiam se rebelar, tornar civis reféns em aeroportos nos quatros cantos do país. Mais isso é Brasil, que agora quer instaurar mais uma CPI, (eles se viciaram nessa coisa de CPI). Querem buscar causas, culpados, mostrar a população os reais motivos desse caos que dava sinais há meses. Falência da mais antiga companhia aérea do país, acidente trágico Gol-Legacy, precariedade da infra-estrutura do setor (máquinas falham, humanos falham), ausência de investimento no setor, aeroportos abarrotados de gente e buracos... Dedos apontados, todos apontam culpados, ninguém reconhece erro. Não poderia ser diferente, claro!
E o sistema de comunicação do Cindacta I acendeu luzes vermelhinhas. alerta!
O Governo Federal assistia ao filme como se achasse que uma mágica realizaria um desfecho não tão óbvio como o que ocorreu, mas se engasgou com a pipoca da decepção, traido pelo excesso de confiança. Agora corre contra o tempo, nem pode voar contra o tempo!! rsrs...
Qual a velocidade você pretende atingir? Ultrapassar a barreira do stress, da revolta, da perda de tempo, roendo unhas, arrancando cabelos, falando ao celular, cruzando os braços ou montar num lombo de um jumento, chupando umbu, ultrapassando a barreira do contentamento?