terça-feira, agosto 4

Saudades...

Saudade do sorriso espontâneo, sem preconceitos. O sorriso mais sincero, o mais sarcástico... Saudade do ácido político produzido por sua veia crítica moderna. Saudade da visão holística, da prática da metafísica, das certezas absolutas, das viagens introspectivas, das revelações divinas.

Ela está longe, e como faz falta...

Não mais abre a caixinha de Pandora numa noite de insônia e fica a escolher entre a luz e a sombra, e quando amanhece sente que o dia é sua noite e que a noite é sua busca mais profunda.

Ela está longe, e como faz falta...

Saudade das observações analíticas, dos conselhos com essência. Do brilho e vivacidade que cobriam sua aura. Uma luz infinita, lembranças do equilíbrio e calma.

Coração que pulsa dores místicas, angústia que anula, dizima sem piedade... O sonho morre, a dor prevalece...

Hoje ela morre, amanhã ressuscita...
porque é esse o único caminho... A dualidade infinita...

Saudades da poesia que tecia o amor como verbo intransitivo... Onde ela está? Por que está tão longe?

Hoje ela é lágrima, é vazio, é treva...
Hoje ela morre... Apenas morre...

Saudades...
Saudades de mim...
Essa coisa que não definimos nem dominamos e que nos leva como folhas ao vento, sopro involuntário em busca, sempre em busca da revelação dos mistérios.

É com ela e por ela que devemos:

Aprender com os erros, saber identificar o momento certo para refletir e retroceder, realizar uma análise mais profunda, ir ao âmago, fechar os sentidos, morrer de dentro pra fora, cessar a guerra, apagar o caminho certo, apenas intuir o único caminho.

É isso, esse é o caminho, a fórmula perfeita para se atingir o equilíbrio dos mundos, o profano, o divino, a maturidade mística. Uma metamorfose física e cósmica, uma viagem à célula divina, um banho de sombra e luz, visualizar a dualidade infinita.

Necessidade biológica, percorrer tal caminho, decisão que o livre-arbítrio ludibria e se esquiva, opção incorreta que atrai os mais cansados da luta, os mais conformados com as dores do corpo e da alma.

Mas, há aqueles que não desistem da busca, porque nascem predestinados a atingir o topo da montanha, que agem, se preciso, como águias arrancam penas, quebram garras, mas sobrevivem, mais se libertam.

Esse ego que age como racionalidade mórbida, conduz ao limite, a prática de atos vis, ausência de princípios, sinônimos para crimes hediondos. Alimenta-se de desgraças, coleciona armas psicológicas, semeia ervas daninhas, colhe espinhos e lágrimas...

Que fecunda sentimentos de destruição, ira, ódio, sede de vingança, um mixto de desejos capazes de secar a boca. Um ego poderoso, sombra de momentos profundamente tristes.

Mas, há aqueles que insistem com a cruz porque sabem que a paz interna está próxima...Que a boca seca só precisa de água pura. Essa fonte nunca seca, a centelha divina, moléculas acásicas.
Essa certeza mais que absoluta é a fonte da existência... Somos esse universo de sonhos, de ilusões, de buscas, de conquistas, de perdas...

Somos esse ego, somos esse eu divino, somos essa coisa indefinida, ser em construção, ser em ebulição!
Vivamos!

domingo, janeiro 18

16 dias de um janeiro que morri..