segunda-feira, janeiro 29

Oceano de Luz


Às vezes me pego assim, divagando em pensamentos, inertes ao vento do tempo que traduz a alegria de viver o tempo criado para me fazer sentir feliz. Esse vento carrega as partículas que regem o universo.
Ainda me encontro com aquelas amarras, entraves místicos que só a evolução cósmica e física poderá romper, sem pressa... Na dor que me faz carregar a certeza que tenho da existência de um oceano de luz a me guiar...
A areia da praia, a estrela cadente, do último dia do ano, o suspiro quente do amado que sonhava em ser pluma... Meu amado príncipe. Que seria de mim sem ti?
Que seria de mim se não fosse a segurança das tuas sílabas átonas, tônicas, exageradas!
Que seria das minhas dúvidas sem as tuas certezas, sem a tua vibração sonora, nos tons afinados da poesia divina?
E as almas gêmeas andam a se buscar, a caminhar inventando lugares onde possam se despir de medos, de limitações profanas. O mundo é uma intriga fabricada pelo ego para nos impor a presença da dor... Dói saber, dói existir dentro desse mundo...
Às vezes me pego assim, descalça a vagar por entre as brechas da psique que abusa da subjetividade para comprovar nossa loucura nata. Somos loucos sensatos, somos deuses perdidos dentro do túnel dos gênios que inventam meios de rasgar pulsos, de penetrar no vácuo e gritar ao silêncio verdades que se fazem mentiras para disfarçar a plenitude da vida.
Certeza mesmo... do meu oceano de luz que respinga esperança, que ameniza minha angústia, caráter típico do homem, a inquietação da gravidez da busca. Busca-se tudo, encontra-se quase tudo, fica sempre faltando algo, se não, onde estaria a graça? a graça de chutar a lata na calçada, de olhar pro breu e querer acender a luz.... De beber aquele gole profundo rasgando a garganta, puxando aquele trago de fumo, cuspindo o chão imundo e se perguntando dia-a-dia sobre tudo... Essa é a filosofia do infinito, milenar... um particular coletivo. Todo mundo sofre inquietações, vibrações, influências, perseguições, mas todo mundo insiste, persiste, sonha... viaja... e ama... O amor tem que está onipresente, onisciente, onipotente... brincando com pedrinhas no escuro, acertando crianças, jovens, velhinhos e adultos. Oh! amor sem vergonha, à solução que dar gargalhada da ilusão de um destino... é por isso que eu tanto amo, que eu tanto clamo e agradeço ao meu deus de luz...
a cartilha que o mestre deixou... Amar assim, intrasitivamente, neologicamente, eternamente, renovando-se, rememorando-se, comemorando-se... Que seria de mim se não fossem essas minhas pirações, desabafos quentes... Que seria de mim se não pulsasse no compasso da paixão, do desejo profundo de estar à frente, a caminho, ao lado, amando...
Que seria de mim se não pudesse compartilhar com meu amado a certeza que tudo ainda é princípio e que essa casca dura custa a largar da pele. Seria tão mais simples se fôssemos mutantes... reconheçamos... Somos eternos... mutantes...

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