quinta-feira, julho 3

Parte 1: Arte? Pra quê...Arte

E pensar que um dia eu pensei na evolução da humanidade, que tentei questionar a existência da poeira cósmica, a metafísica e as filosofias antigas buscando de uma certa forma, respostas para a aflição que conjuga o verbo em 1ª pessoa sempre de dentro pra fora.
O que há de errado comigo? Desisti de ser metódica, de crer no pensamento sistêmico, de esbravejar contra ideologias... Não há mais o que fazer e preciso assimilar que esse é o fim, que não há niilismo capaz de metamorfosear essa praga que se alastra por séculos. Humanidade primitiva; portadora de síndromes fabricadas para nutrir seu espelho. Narcisismo em nome da inércia vã.
Egos que vomitam ignorância, que limitam a criatividade divina.
Um dia pensei ser Deus, um dia pensei que o meu coração seria capaz de silenciar a dor que dilacera a pequenez humana, num paradoxo perfeito haja vista sermos mutantes, criaturas e criador, juntos: uno.
Átomos e fragmentos de ilusões e imperfeições, verdades absolutas, mentiras seculares.
Deixei de lado o pensamento mecanicista pra quê?
Pra quê buscar outras formas de pensamentos alternativos, se na esquina da rua onde moro ouço uma juventude alienada ouvindo ritmos oriundos da mais insana criação. Mentes em estado de putrefação, contaminando multidões com vazios repetitivos. O “créu”, a “Dança do créu” me fez atingir a mais intensa depressão. Depressão que reluta em me deixar ouvir Tom Jobim, que me faz ficar surda diante de notas suaves e capazes de me transportar ao paraíso que um dia pensei existir.
Esse absurdo que ouço estourar no país inteiro; um Brasil multicultural mergulhado em profunda crise de caráter. Um país apolítico, imoral, corrupto, com identidade distorcida. Falta atitude de análise, falta auto-crítica, falta educação, falta consciência política, exercício de cidadania. Um país que vive a contradição.
Confesso: “Estou em crise”. Assisti a um dos mais admiráveis entrevistadores bater um papo descontraído e ridículo com a “Mulher – Melancia”. É isso mesmo, o nosso intelectual, escritor, artista plástico, humorista e tanto mais Jô Soares vivenciou essa situação. A dançarina ou ex-dançarina e também cantora (cantora da bunda grande, que rebola o sexo bizarro, que não canta nada, que não pensa nada) e seu conteúdo redondo e sexual fizeram parte do Programa do Jô, me causando uma repulsa, uma ânsia insuportável e com certeza despertou alguns poucos sobreviventes, o sentimento de que não há nada mais a fazer. Bebamos cicuta, cortemos os pulsos, nos tornemos zumbis, calemos o pensamento!
Não há nada mais a dizer. A sexualidade e a incitação ao desejo desenfreado, o instinto primitivo e animal ganharam vida com uma força em cinco velocidades. Tem para todos o gostos, para todas as idades e vende e atrai multidões. “É isso que vende, é isso que o povo gosta. Pão e circo”. Isto cessa argumentos sociais, culturais, filosóficos e até xingamentos silenciosos. É preferível cerrar os olhos, fingir-se de morto, entoar mantras, emanar energias cósmicas, buscar asas. Tornar-se gaivota, voar ultrapassando a ignorância, tornar-se luz!
O globo não mais realiza os movimentos que geram as estações... Parou e deu ré, não pense em RÉ musical, mas a rotação inversa, retardamento programado.
O que há de novo?
As estações de rádio dominaram a “parada” e proliferam como uma pandemia capaz de aniquilar a essência divina. A esperança secou de tanto descer na boca da garrafa, de tirar a calcinha, de ralar a tcheca no chão, de passar a mão no tabaco, de dançar Ado-Ado-Ado, a dança do quadrado, de incitar o preconceito e discriminação com as diferenças como: vaza canhão, de trair os princípios da família. Não há mais família... Não há mais princípios... Nem poesia, nem versos ricos! Consumimos poluição sonora em grande escala.
MC Créu, “é o cara”, assim como: Latino, Kelly Key, MC Serginho e sua “Lacraia”, assim como as bandas que dizem cantar forró, axé, pagode; ritmos que, se misturados podem servir como adubo para ervas daninhas.
As músicas fabricadas em motéis, bares e boates; regadas ao álcool e surtos psicóticos contaminam crianças, jovens, adultos, velhos...
Quer saber?
Arte... Pra quê... arte?


Tatiane Marta
24 de abril de 2008

Um comentário:

Helder CESAR pinto disse...

Créu neles!
viva a metafísica.besteirol sempre existiu, desde os circos de roma.besteirol gargalha na alma de quem mora numa esquina, fica perto das estrelas e esquece que tom jobim mora com elas.me ligue agora agorinha,vou adorar ouvir sua voz!!