sexta-feira, janeiro 18

Meu carioca do norte...

Naquela época vivia um personagem rebelde e irresponsável. Não conhecia o “Pequeno Príncipe” não tinha noção da essência de sentimentos, cativei de forma primitiva e magoei meu grande amor!

Seu sorriso!

Ah, o seu sorriso... De saudade é capaz de fazer chorar a mais fria criatura do mundo sombrio!
Doce e infantil; Homem-Menino...Sorria de graça, mas tinha um olhar triste; carente como se soubesse que não seria daquela vez...
Nos conhecemos numa noite de São João, Campina Grande, a Paraíba que tive o prazer em conhecer...
Na época, vivia dor e saudade da minha Terra. Jovem mimada que perdera tempo com o que é efêmero. Criações para nos mostrar que as experiências são bíblias particulares.
Ele passava férias sem nem sonhar que aquelas férias fariam parte do livro da sua vida. Estava escrito, nos conheceríamos, nos apaixonaríamos.
Paixão de carne, de sorriso, de mundos! “O carioca e a pernambucana-paraibana”. Paixão de menina, de menino-homem, de planos, de sonhos. Fomos felizes e cultivamos esperança por um ano.
À distância e minha insensatez, inexperiência e inconstância me fizeram a mais vil das criaturas.
Nos perdemos de nós mesmos, lágrimas e lamentos fizeram parte das nossas rotinas. Erros cometidos, amores desfeitos, almas ao léu.
E a roda-gigante gira mais uma vez, as notícias chegam como o vento seco e o vôo negro do Carcará.
Ele enfim, pariu a morte de uma forma trágica, cruel e traiçoeira. Vomitou saudade do que sabia bem lá no fundo, que não ia viver.
Restaurou películas de uma história de amor mal resolvida que deixou de ser fictícia e passou a ser real.
Dizia que queria vir morar no nordeste, deixar de lado a turbulência da “Cidade Maravilhosa”, queria fazer caminhadas no “Açude Velho” e não se preocupar com o carro estacionado na calçada.
Queria viver um grande amor, era romântico, escrevia versinhos e declarações em guardanapos. Chorava de dor e de desilusão. Meu carioca...
Queria criar ovelhas, bodes, galinhas. Queria respirar ar puro, viver uma vida mais divina. Mas pariu a morte há pouco mais de três anos. E eu me segurei esses anos todos porque me recusava a acreditar. Na verdade, continuo sem acreditar porque a minha memória só registra luz e sorriso de menino. O beijo guloso, o amor apaixonado.
Seu olhar: pedinte de respostas, seu coração carente de um grande amor. Hoje, choro o choro de uma eternidade de fuga. Ele se foi...Mas sua energia e luz ainda vivem mesmo que em minha memória acásica.
Um dia, estaremos a ler essa crônica e a sorrir e a brincar...
Um dia, estaremos a descascar alhos e a escolher hortaliças para nossa salada da tarde.
Olhando as estrelas numa noite mágica e redescobrindo linguagens astrais.

Saudades tantas...
Dói uma dor esquisita...Zezinho, meu carioca!
05/01/2007

Nenhum comentário: