quarta-feira, fevereiro 21

Decência

A espera de um milagre...
Quanto custa sonhar?

Era uma vez democracia, cidadania, ética, decência. Era uma vez um Brasil verde e amarelo que transcendia esperança e trabalho. Hoje, vivemos a época da desconstrução. Do neologismo para dar nome a tanta maracutaia, a tanta sacanagem feita em tempo recorde.
Jaz a vergonha na cara, jaz o “medo do castigo de Deus", é bem verdade, que ateus só crêem em suas gordas contas bancárias e que Deus anda sem saber o que fazer com suas criaturas tão sacanas.
Corruptos dissimulados, impunes, máculos perante uma sociedade inerte, dopada, alienada, viciada no “toma lá, dá cá”, “uma mão lava a outra”, “conversando a gente se entende”, “jeitinho brasileiro”.
É bem verdade que esse discurso está ultrapassado, que entra pleito e sai pleito e a rotina gera demorados bocejos de uma nação, vamos dizer, um tantinho... Deixa pra lá, sem ofensas.
Será necessário enumerar culpados? Que hipocrisia, demagogia, situação ridícula, desnecessária! A lista é histórica e vive se renovando dia-a-dia...
Talvez minha acidez esteja respingando aí, perto de você, eleitor “consciente”, que vive cobrando ética, justiça, honestidade e que sonega imposto quando acha necessário, e que explora seus empregados no dia de sábado sem hora extra; é, talvez eu esteja sendo satírica demais, cáustica demais, me desculpem, é que também tenho o direito de cuspir verdades mofadas por tanto tempo guardadas na memória de pseudocidadãos sem memória. Talvez, não esteja num dia bom, talvez por eu ter levado uma rasteira daquele que disse praticar a ética, mas que na hora do pra valer, decide praticar a cartilha da sobrevivência acima de valores, a lei da selva de pedra, da política neoliberal acima da moral.
Jaz a idéia de progresso, é o retrocesso que mantém a linha da involução... Estamos chegando lá, em lugar nenhum, andando em círculos, revendo histórias cômicas se não trágicas de homens públicos, homens comuns defendendo seus próprios umbigos, interesses em nome do bem estar individual, enquanto que a responsabilidade social, enquanto que o desenvolvimento integrado sustentável fica sem sustentação, veiculado em publicidade paga com o dinheiro frouxo seu, meu, nosso... A espera de um milagre.
Ah, se não fossem os milagres, as mudanças inesperadas, as descobertas de diamantes no meio da lama...
Que o sol aqueça a alma dos que ainda desejam ultrapassar o limite da metafísica e romper com os paradigmas impostos pelos sistemas usurpadores da liberdade natural defendida por Rousseau...
Essa tal liberdade que ganhou grilhões da politicagem consolidada no país da impunidade. É bem verdade que não se viu tanta gente ir presa como agora, devemos nos orgulhar ou meter nossa cara no buraco mais profundo da terra seca do nosso sertão?
É bem verdade que a prática desregrada de ações de quadrilhas organizadas tem tido suas quedas, mas nada que nos faça comemorar os bilhões de reais que andam passeando em paraísos fiscais, em bancos suíços, americanos, argentinos, brasileiros, qualquer banco serve até loteria de bairro!
Era uma vez a sobriedade...
Embriaguem-se com a justiça fabricada pela injustiça política-humana. E se puderem semeiem esperança e assistam a espera de milagre!
Que um dia a gente chegue lá, saia do círculo, saia da rotina imunda e rompa com os grilhões da corrupção! Não custa nada sonhar, eu acho!!! É bem capaz que alguém invente uma taxa, um imposto sobre sonho. Será?

Tatiane Marta

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