quarta-feira, fevereiro 21

PERNILONGOOOO

ZUMMMMM PRA VOCÊ TAMBÉM

Pernilongo, mosquito no sul, carapanã em Belém e muriçoca no nordeste. Já começou a imaginar aquele zummmmm no ouvido que é pior que cantiga de galo que canta na hora errada?
O nome é bem complicadinho se for dito por cientistas: culex quinquefasciatus, vivem em solos alagados, lagoas e córregos poluídos pelo homem; e depois das chuvas pode ter certeza que suas noites de sonos não serão as mesmas. O horário de pico é à noite e sabe qual o sexo das malditas? Fêmeas hematófagas, que vão em busca de alimento para maturar seus ovários e se reproduzir e como reproduzem! Quanto mais a gente mata, mais aparece. E o pior de tudo é que os inseticidas não são eficientes. Se matam, não afastam e afastando; ainda prejudicam as nossas vias respiratórias.
Existem maneiras de se tentar dormir como anjo, bem nem sei se anjo dorme, pra ser mais sincera ainda; nem sei se anjos existem, sei que existem mosquiteiros de filó, (é, aquele mesmo que você está imaginando do tempo da sua tatatatataravó: verde, rosinha, azulzinho, amarelo ou branco, isso fica ao seu gosto e toque pessoal), tem também umas velas especiais fabricadas a partir de plantas como a citronela ou a anderoba que liberam substâncias que espantam e o melhor; não fazem mal a saúde, a anderoba não tem odor e a citronela exala um perfume que lembra o eucalipto, mas deixemos de lado as explicações científicas, não sou bióloga nem pretendo.
O que aconteceu foi que como observadora que sou comecei a tecer minhas pirações. Naquela primeira noite que o acompanhei em sua casa fui convidada a ir a seu quarto. Senti que seus olhos pediam apenas minha compania sem aquele desejo explícito de homem tarado, descobri que ele é maior que o sexo. Deitamos, meu coração acelerou; como se já soubesse que depois daquela noite muitas outras viriam, e muitos outros olhares pediram não somente a minha presença como também minha alma.
Conversamos como se fôssemos amigos de infância, numa calma e serenidade que só poderia ser perturbada por um ser muito indiscreto e insistente como a muriçoca. (não ria não; que o negócio é sério). O romantismo se foi como a água de um rio que não para de correr. Aquele zum zum zum invadia nossos ouvidos como um rock reavy metal, daqueles que nem mesmo distante você se esquece, pois bem, ele levantou como se tivesse uma missão a cumprir, se armou com a munição do cessar zumbido e calou uma por uma daquelas fêmeas sedentas por atrapalhar nosso momento de paz. Achei engraçado e continuo achando porque todo dia esse mesmo ritual se repete. Uma por uma se embebeda com aquele veneno que como já disse lá em cima só mata, mas não acaba com aqueles seres chatos e irritantes.
Falar dele nesse momento é lembrar que rituais fazem parte do seu dia- a- dia. Quando acorda, quando abre o olho, quando sussurra ao meu ouvido o que só a mim pertence. Quando bebe água, quando sorri no seu universo. Ele é lindo! Capaz de transformar uma muriçoca em poesia da mais alta qualidade. Acho que ele não tem noção que eu vigio sua alma, acho que ele nem sonha que qualquer palavra dita por ele me faz parar e descer do meu mundo.
As muriçocas foram embora e sepultados nesse meu texto que é uma mistura de aula de ciências com literatura contemporânea.
Sei que depois de muitas noites acompanhando meu amado, ganhei dele um apelido carinhoso: abelhinha. Gostei porque depois de tantos outros que ele me apresentou (nem queira saber quais foram.), pelo menos não fui apelidada de muriçoca. (imagine se fosse; com aquele ritual todo com certeza eu correria o risco de cair em sua cama, mas dessa vez tombada pelo spray do extermínio).
Ah! Tem outra coisa também, fiquei pensando que com o fim das chuvas e a proliferação desses insetos temos apenas o problema da picada e do zumbido, imagine se não tivesse chovido; teríamos o calor absurdo, a falta d’água e o possível apagão, aí; Deus nos acuda, mais a ele (o meu amado) que a mim, porque no escuro é pior que no claro e elas fariam a festa comemorando e pirraçando , mas essa é uma história só lá pras bandas do sul.

2 comentários:

Anônimo disse...

vc sabia que muriçoca e pernilongo são, mesmo, duas coisas diferentes? Tipo macaco que tem vários tipos: chimpanzé, gorila, etc... bom.... mas deixa isso pra la.
Rituais são chatos, repetitivos e sem nenhuma novidade... recomendo que você inove e surpreenda seu amado com uma super vela de 7 dias feitas a partir dessas plantas que citadas no texto... garantia de mais olhares cumplices e conversas de infância... quem sabe passe disso um dia.
Eu sei que vais querer me matar, mas nao resisto a uma chance de brincar contigo.
Saudades de monte, amorzinho.

Helder CESAR pinto disse...

Muriçocas eróticas,esse será o título do seu futuro livro!
aquela tromba afiada mirando um ¨bum bum¨repleto de sangue e ¨swing¨;as muriçocas eróticas não escolhem uma vítima ao acaso,preferem os vasos rasos e sutis.As muriçocas erotizantes cantam na dança do acasalamento com bzz,bzzzs dissonantes,eles encantam as vítimas, fazem uma sessão de hipnotismo antes do êxtase do sangue.Conde Drácula era uma muriçoca graúda,sua lenda foi originada em uma orgia ¨caliente¨:milhares de bundas brancas expostas ao bico duro e afiado da muriçoca dos becos imundos da transilvania!